Em algum momento, invariavelmente, vamos acabar comendo demais.
Geralmente nas festas de fim de ano é que notamos esse comportamento, em princípio normal quando feito esporadicamente. É necessário estar atento quando esse comer demais se torna um hábito frequente e quando a pessoa acaba perdendo o controle e passa a comer exageradamente mesmo quando não sente fome. A esse transtorno damos o nome de compulsão alimentar.
Estima-se que entre 1% a 4% das pessoas sofrem com esse transtorno alimentar.
Caso você acredite que esteja vivendo na pele um quadro de compulsão alimentar, apenas continue a leitura. Levará apenas poucos minutos, mas fará uma enorme diferença na sua vida entender o que é compulsão alimentar, quais os riscos à saúde e os sintomas principais e como funciona o tratamento.
O que é a compulsão alimentar?
Compulsão alimentar é um transtorno onde a pessoa come exageradamente, até passar mal, mesmo quando não sente fome.
Pessoas que sofrem de compulsão alimentar comem de maneira descontrolada e em grandes quantidades mesmo quando estão saciadas. Elas utilizam a comida para suprir alguma demanda emocional que muitas vezes nem elas mesmas sabem qual é.
A comida é utilizada como fuga para alguma dor emocional. É algo que foge totalmente do controle e que se a pessoa não identificar e tratar da maneira correta pode levar ao desenvolvimento de outros distúrbios alimentares, como bulimia, anorexia, obesidade, dentre outros.
Riscos da compulsão alimentar
Além dos distúrbios que foram citados acima, esse transtorno pode trazer ainda muitos malefícios ao nosso corpo, como:
- Problemas respiratórios, principalmente durante o sono.
- Desenvolvimento de cálculos renais.
- Diabetes.
- Colesterol.
- Pressão alta.
- Gastrites e úlceras.
- Problemas cardiovasculares.
- Pode trazer infertilidade.
Por isso, a importância de se procurar diagnóstico e tratamento adequados o quanto antes.
Quais os principais sintomas?
Vale ressaltar que muitos dos sintomas, para não dizer todos, são frequentemente banalizados. Veja abaixo:
- Comer muito, mesmo sem fome ou já estando saciado.
- Consumir diversos alimentos de maneira muito rápida, sem mastigação adequada.
- Fazer refeições escondidas.
- Culpa e frustração por comer muito mais do que deveria.
- Depressão, tristeza, falta de confiança em si mesmo. A pessoa passa a se comunicar cada vez menos com os outros.
Quem sofre de compulsão alimentar dificilmente consegue resolver o problema sozinho, necessitando de acompanhamento de uma equipe multidisciplinar.
Por que a compulsão alimentar é tão ruim?
Quem convive com a compulsão alimentar vive dia após dia com uma sensação de impotência e fracasso muito grande podendo até ter dificuldade em perceber e aceitar essa condição. Na maioria das vezes existem outras questões emocionais associadas, como:
- Estresse exagerado, o que pode levar a descontar todo o nervosismo acumulado na comida, onde a comida acaba sendo uma das únicas fontes de prazer.
- Alguma necessidade emocional alta, como falta de afeto de quem se deseja, necessidade em ser amado e reconhecido, sendo a comida o seu local de conforto e calmaria.
- Passar por muitas dietas restritivas, que podem gerar a sensação de falta de comida e o cérebro por questões instintivas de sobrevivência acaba buscando comida de forma descontrolada.
- Sentimento de culpa, baixa autoestima, ansiedade, frustração e questões emocionais mal resolvidas podem também fazer com que se acabe “comendo” as emoções, podendo levar a pessoa a desenvolver compulsão alimentar.
Como funciona o tratamento?
O tratamento da compulsão alimentar, assim como de vários outros distúrbios do tipo é feito por uma equipe multidisciplinar contendo médico, nutricionista, hipnoterapeuta, psicólogo, visto que ele afeta não apenas o corpo, mas também a mente.
Depois do correto diagnóstico, feito por médico ou psicólogo, o tratamento da compulsão alimentar deverá passar pelos seguintes profissionais:
- Médico – que irá atuar principalmente com a resolução dos problemas de saúde ocasionados pela compulsão alimentar, mas que também poderá indicar tratamento com medicamentos para melhorar os sintomas.
- Nutricionista – que irá reorganizar o plano alimentar do paciente, buscando incluir alimentos que privilegiem à saciedade e ajudem na melhoria da saúde física e mental. A ideia aqui é garantir que o corpo seja nutrido e possa se regenerar com uma alimentação saudável e consciente.
- Psicólogo e Hipnoterapeuta – focados em auxiliar na questão mental e emocional do paciente, ajudando-o a lidar melhor com suas emoções, a reconhecer a compulsão e a necessidade de mudar sua vida. Hipnoterapia se mostra muito eficaz nesses casos por tratar o problema diretamente na raiz em pouquíssimas sessões.
- Educadores físicos – essenciais para o paciente realizar atividade física constante, necessária para fortalecer o corpo, bem como permitir uma ampla recuperação da saúde.
O apoio familiar e dos amigos é de extrema importância para que a pessoa que sofre desse transtorno tenha o suporte necessário para de fato recuperar sua saúde e o controle da sua vida.
Tenha um final feliz na sua luta contra a compulsão alimentar!
Não banalize e muito menos subestime a compulsão alimentar. Infelizmente, quem sofre com esse tipo de transtorno não consegue se “controlar” e nem se tratar sozinho e na grande maioria das vezes, por vergonha e medo do julgamento acaba escondendo sua condição.
“Ué, mas eu posso controlar o que eu como. É só eu não querer mais comer que eu não como, e vice-versa”.
Não é tão simples quanto parece.
Pensamentos como esse, por incrível que pareça, são mais frequentes do que imaginamos. Para quem sofre com a compulsão alimentar, a comida representa muito mais que alimento, é um conforto para a alma, para suprir alguma dor emocional, portanto, não é só deixar de comer.
Se você está colecionando os sintomas que foram destacados, busque ajuda de profissionais especializados.
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